Sempre gosto de comparar as etapas da nossa vida com uma viagem, porque acredito de verdade que a nossa vida se parece a uma travessia, com estradas, trilhas e caminhos que empreendemos e escolhemos (às vezes de maneira consciente e outras, de maneira inconsciente).  E toda vez que estamos próximos de uma viagem, uma das coisas que precisamos planejar é o que levaremos nessa jornada, nesses dias, semanas ou meses de travessia.

Uma viagem de mochila pode ser uma aventura muito prazerosa se levarmos unicamente o necessário, carregando o peso de acordo com o que precisamos. Mas também pode ser um pesadelo quando carregamos coisas demais e que não utilizaremos, ocupando espaço sem necessidade.

Quando fiz o Caminho de Santiago em 2010, planejei com muito cuidado o que levaria nas minhas costas. Seriam quase 400 km caminhando, subindo e descendo estradas, e não teria como carregar muito peso. Ainda assim, depois do primeiro dia da viagem, precisei me desapegar de várias coisas e enviei um pacote pelo correio para uma amiga da Espanha, quando percebi que o peso era demais para meu corpo… Meus pés e joelhos tinham começado a doer e teria sido muito sofrimento continuar com esses quilos adicionais.

E estou te contando isto porque assim acontece na nossa vida diária, carregamos pesos desnecessários, acumulando coisas, sentimentos, dores, angústias, medos, arrependimentos, que cada vez são mais difíceis de carregar, ocupam espaço na nossa vida e nos impedem de deixar entrar coisas novas, tanto físicas como espirituais.

A sensação de liberdade quando estamos “leves”, quando tiramos esses “quilos” das nossas costas é incrível.  Parece que ficamos mais sensíveis, aumentamos a percepção, conseguimos desenvolver projetos, ideias, a vida flui melhor e aprendemos mais.

Quando temos muito apego por alguma coisa, tememos “perder” essa coisa. E esses apegos no final acabam nos atrapalhando, nos impedindo de avançar.

E como reconhecer quais são os nossos apegos?  O escritor Miguel Ruiz, no livro “Os cinco níveis de apego” falam que “Sei que estabeleci um apego a algo exterior quando o medo da mudança toma conta de mim. Com a mudança, o mundo que conheço pode desaparecer e me jogar no desagradável breu do desconhecido. Mas a mudança é inevitável, e ocorre várias vezes ao longo da vida: terminamos um relacionamento, perdemos um emprego, mudamos de casa, ganhamos uma nova ruga, um fio de cabelo branco…”.

E por que temos tanto medo da mudança? Porque todos esses apegos começam a formar parte da nossa autoimagem, temos medo de deixar de ser “nós mesmos” se perdermos aquelas coisas.

Começamos a nos libertar quando percebemos que já somos perfeitos pelo fato de estarmos vivos. Não precisamos de objetos ou conhecimentos novos para sermos completos.  

Já somos completos da maneira que somos hoje e se conseguirmos nos ver assim, seremos livres, leves e muito mais realizados.

Isto não significa que não devemos focar em novos aprendizados, ao contrário, significa que devemos deixar fluir as coisas na nossa vida, como se a vida fosse um rio, que avança e segue o rumo ideal para chegar ao seu “mar”.

O apego máximo ao conhecimento e as ideias vira fanatismo, que acabam gerando intolerância, violência e ausência total de amor.

Deixando ir as coisas que nos impedem de crescer, os medos, as crenças limitantes, as inseguranças, podemos ter uma vida mais rica em novas experiências, novas trilhas de alegria e descoberta, novos caminhos de amor.

Por último, gostaria de propor nesta semana este exercício de reflexão:

  1. Quais coisas devo me desapegar para que novas energias e aprendizados cheguem na minha vida?
  2. Tenho medo da mudança? Estou impedindo que o fluir normal da vida me leve para novos caminhos?
  3. Me aceito de verdade como um ser completo e sempre se transformando junto com a vida?

Espero que esta semana seja de muita fluidez, amor e novas experiências!

Abraços!

Dolores

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