Era uma tarde de final de setembro em 2007, estávamos em Dhulikhel, no vale de Katmandu (Nepal), ao sul dos Himalaias e a 50 km da capital.  Sai para caminhar com alguns companheiros da viagem pelas trilhas próximas ao hotel fazenda onde passaríamos a noite.

Como era o começo do outono, estava um pouco frio e parecia que fosse chover, dava para sentir o cheiro da chuva vindo de longe, os verdes da natureza ficavam mais bonitos com o tempo nublado.

Meus amigos fizeram o percurso mais rápido e fiquei sozinha, ouvindo vozes de longe… em inglês e francês…

E quando virei depois de ter atravessado um campo cheio de plantações de arroz, encontrei uma senhora linda, ajoelhada,  falando com os cordeiros que ela cuidava ao lado de um pequeno lago…. Fiquei surpresa pelo tamanho da senhora. Eu que tenho 1,62 cm de altura era alta comparada ao tamanho dela. Mesmo sendo pequena e muito magra, não parecia frágil.

Mas o que mais me chamou a atenção foi a alegria que ela irradiava. Ela também olhou para mim com expressão de surpresa pois eu estava vestida com roupa ocidental, botas de trekking, casaco impermeável vermelho, óculos pendurados no peito….

Quantos anos ela tinha?  Não sei… A pele dela parecia carregar muitas décadas, curtida pelo sol e vento. Ainda assim, o olhar dela era alerta, experiente e ingênuo ao mesmo tempo.

Lembro que fiquei ao lado dela, também me ajoelhei e só consegui devolver o sorriso…Não sabia nenhuma palavra do idioma nepalês.

Falei “namasté”, uma saudação em sânscrito, língua originaria do norte da Índia,, que tem aproximadamente 3500 anos.  A senhora me respondeu com um lindo sorriso… Um sorriso que parecia vir do fundo do coração. Então, eu também respondi com outro sorriso.

Essa foi a única e poderosa maneira de nos comunicarmos. Pedi para tirar uma foto, e a senhora continuava sorrindo.

Começou a chover, ela chamou os cordeiros e cada uma seguiu a própria trilha.

O sorriso foi o nosso idioma universal.

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